Os Novos Distúrbios Emocionais
[Como Os Detectar e Como Os Ultrapassar]
Teme ficar sem telemóvel? Assusta-a pensar
que não o vai ter durante umas horas? Então é possível que esteja com uma NOMOFOBIA, um novo tipo de medo que
afecta cerca de 66% da população jovem adulta, sobretudo mulheres e que se
enquadra no âmbito das compulsões; se ainda por cima e a agravar isto não
consegue estar num jantar com amigos ou família sem estar constantemente a
olhar para o ecrã, então pode concluir-se que está sob o controlo do seu
telefone, quando deveria ser o contrário: Você é que DEVERIA estar a controlar
o aparelho.
Este e outros distúrbios
emocionais são o reflexo doentio de um estilo de vida cada vez mais autocentrado
que se faz, onde a carreira profissional, o estatuto, as relações virtuais e a
gratificação emocional fácil e imediata fazem as pessoas escravas a um sistema
governado por estes paradigmas.
O “modismo” das “selfies” é um
retrato contemporâneo do narcisismo, que como os tentáculos de um polvo enreda
as pessoas, e que como um veneno vai contaminando personalidades; a mensagem
subliminar é: “…gostem de mim, eu existo, eu sou importante…”
Mas há outros (novos)
distúrbios/transtornos emocionais que estão a afectar milhões de pessoas e
provavelmente você é uma delas.
Vamos lá então ver isto:
1 – BURNOUT
O termo foi criado na passada
década de ’70 por um psicólogo americano e define uma situação patológica
agravada a quem é “viciado” em trabalho [workaholic].
As pessoas que chegam ao burnout
são geralmente perfeccionistas, muito autoexigentes, e a um nível profundo
sentem sempre que têm que fazer prova sistemática das suas capacidades; o
BURNOUT quando já está somatizado aparece com um esgotamento/exaustão físico e
mental, sensação de falta de ar,, dores de cabeça, tonturas, sensação
permanente de cansaço, perturbações do sono e digestivas, dificuldade na
concentração, ansiedade e humos instável (tal como um adicto a substâncias, só
que neste caso a “droga” onde se vai buscar algo, é o trabalho).
Psicologicamente, tornam-se
obcecadas pela perfeição, pensam que podem aguentar mais um pouco…, não sabem
mostrar limites à entidade patronal ou ao excesso de afazeres, distanciam-se da
vida familiar e pessoal, e nada lhes interessa que não seja trabalho.
ESTRATÉGIAS DE DEFESA
» Admita que está com um
problema e peça ajuda.
» Se sentir que não consegue
parar sozinha(o) esta espiral destrutiva, peça ajuda profissional.
» Peça a colaboração da família
e amigos para lhe dizerem quando está a exagerar.
»Nas horas livres não fale de
trabalho, nem do que se passa no ambiente de trabalho.
» Entre num programa ou grupo de
ajuda para (re) descobrir o prazer de viver noutras esferas e áreas da vida.
2 – MOOBING
É um fenómeno cruel que está a
aparecer em contextos laborais/empresariais e que tem aumentado nos últimos
anos em consequência da crise económica, financeira e social que tem imposto a
redução de equipas e de trabalhadores.
É muito semelhante ao
BULLYING entre crianças nas escolas, mas sendo feito entre adultos.
No caso do moobing, ele ou é
feito pela entidade empregadora [forma vertical] ou feita entre colegas e pares
[forma horizontal]; é um jogo cruel de quem se submete e faz o papel de “alvo a
abater”/vítima e de quem agride e que faz o papel de “carrasco”; mas em ambos
os lados está um denominador comum (
e por isso é que o jogo funciona) que é a
baixa (ou ausente) autoestima :
» O lado agressor tem temores
antigos de não ser respeitado, ou mesmo de ser agredido…
» O lado agredido tem medo de
perder o controlo ao confrontar atitudes, e acredita que, se se “calar” e
submeter tem mais a ganhar…
Se sente e sabe que está a ser
caluniado, ostracizado (isolado), que lhe escondem informações de trabalho, que
o enviam para um departamento de trabalho a fazer algo de “mecânico e
automático”, que não é da sua função, que levantam rumores a seu respeito e sem
fundamento, então você está a ser alvo de MOOBING e tem que agir!
ESTRATÉGIA DE DEFESA
» Tenha em conta que o MOOBING é um plano bem desenhado por
muitas empresas, e que há pessoas “especializadas” em fazerem com que os "alvos"
se sintam mal; você não deixou de ser competente de uma hora para a outra, e
não leve este ataque como sendo à sua
pessoa, mas sim à sua função dentro da empresa.
» Procure ajuda profissional
para recuperar e reforçar a sua autoestima e para se autovalorizar. Tente
entender porque tem tanto medo de confrontar atitudes, e acredite nas suas
capacidades e potencialidades, as inatas e as adquiridas.
»
Registe as atitudes agressoras, mesmo as mais subtis – de uma forma factual, e
não interpretativa: Hora – local – contexto – oque foi dito ou feito.
» Siga detalhadamente as regras
da empresa – Horários – filosofia, etc.
» No caso de estar a ser alvo
por parte de colegas e pares, informe as chefias (que talvez não saibam o que
se está a passar), e por isso é importante fazer os registos.
» No caso de serem as chefias,
procure as Autoridades competentes.
» Faça Psicoterapia.
3 – ONIOMANIA [COMPULSÃO POR COMPRAS]
Este distúrbio pertence ao grupo
das perturbações do controlo dos impulsos.
Um estudo recente revelou que,
na maior parte dos países da EU, mais de metade das raparigas entre os 14 e os
18 anos apresentavam sintomas deste distúrbio e uma grande parte já de forma
patológica.
O aumento exponencial da oferta
de bens e serviços de consumo, a depressão e os quadros de ansiedade e de
tédio, criaram o contexto ideal para o desenvolvimento deste comportamento
compulsivo.
Quanto mais se permite
satisfazer o acto compulsivo, mais o impulso cresce, e daí quue é necessário
uma ESTRATÉGIA para (re) educar o “shopaholic”
Se você não resiste a mais um bâton, um verniz, um par de sapatos ou a
uma carteira, ou àquele objecto decorativo…se você se dá conta de que a maior
parte das coisas que tem comprado nunca as usou…se você chega a casa depois de
ter comprado mais coisas, e depois se apercebe que nem gosta do que comprou e
as enfia para dentro de um armário… se sente um “bichinho” que a empurra para
dentro da loja e acha tudo fantástico…se se sente nervosa, aborrecida ou entediada e a primeira coisa que lhe ocorre
é ir para a rua fazer compras, então você está “viciada” e tem uma perturbação
de controlo.
ESTRATÉGIA DE DEFESA
Por ser (mais) um tipo de adicção que pode estar a esconder uma
depressão, um quadro de ansiedade ou uma enorme carência de afectos, vinda da
infância ou actuais, e que para lidar com a frustração e o tédio, procura uma
satisfação imediata, porque se sente sem auto estima suficiente, e carente,
você está a associar TER e COMPRAR
com RIQUEZA EMOCIONAL E AFECTIVA, então:
» Procure Psicoterapia para
fazer um trabalho profundo sobre as suas carências, dificuldades, mas também
sobre as suas qualidades e competências.
» Faça um hobby que a realize e
estruture objectivos com esse hobby: Exposições, vendas, Donativos, Trocas,
etc.
» Entre num grupo de ajuda em
que todos tenham os mesmos objectivos de sair desse ciclo de dependência.
» Fortaleça a sua auto estima,
olhando para trás e observando como já transpôs tantos obstáculos.
»Quando sair de casa, NÃO LEVE
CONSIGO nem cartões de crédito ou débito (multibanco) nem cheques. Leve apenas
o dinheiro que prevê que está no seu orçamento investir nesse dia.
»Tudo o que comprou e sabe que
não usa, DÊ,TROQUE, e se ainda estiver no prazo legal de troca, troque por algo
de verdadeiramente útil.
» Se tem dificuldades em pôr em
ACÇÃO a sugestão anterior, fale com o seu Psicoterapeuta ou grupo; vai
encontrar dentro de si um qualquer medo de escassez de certeza.
Tenha sempre em conta que para
cada problema ou dificuldade há sempre uma ou várias soluções, e que ADMITIR
que não está a saber lidar sozinha com estas questões, é sempre o primeiro
passo!