quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Obstáculos São Caminhos...

Obstáculos São Caminhos...Para Dentro De Si Mesmo...



Enquanto crianças fomos completamente permeáveis (como algodão) aos dramas do inconsciente das nossas gerações anteriores.

Com muita facilidade DEIXÀMOS ENTRAR na nossa inconsciência infantil - porque não tínhamos filtros de RACIONALIDADE - os medos,os ódios de família e de raça e as culpas dos pais, avós, bisavós e por aí fora.

Constato diáriamente que tantas e tantas pessoas se sentem CULPADAS, sem terem noção do quê... São aquelas que estão sempre a pedir desculpas por tudo e por nada, que começam todas as frases por "não...", como se se sentissem culpadas de terem nascido, e quando vamos aprofundar esses sentimentos, de facto apercebemos-nos de que houve alguém na família que (quase) permanentemente nos acusava de tudo o que acontecia: se as relações entre os pais não estavam bem, a culpa era nossa,porque tínhamos nascido...se alguma coisa corria mal lá em casa a culpa era sempre daquele que era o mais agitado ou irrequieto... se a mãe adoeceu depois do parto foi porque o nosso nascimento é que foi a causa,e  foram tantas as situações que as pessoas lhes perdem a conta... parece que a nossa existência é que provocou algum dano a alguém.

Este sentimento profundo, "viscoso" e oculto traz com ele muitas das feridas da nossa PSIQUE e que se manifestam em limitações da nossa  personalidade, que permanecem abertas pela vida fora, com a infeliz agravante de que se perpetuam para gerações futuras, se não as curarmos no tempo em que damos conta que elas existem.



Estas feridas mostram-se através de comportamentos, atitudes e verbalizações que as pessoas usam no seu quotidiano.

QUE FERIDAS SÃO ESTAS?

Rejeição - Humilhação - Vergonha - Inferioridade.
Derivadas do MEDO e da CULPA.

Ao serem confrontadas com a Luz acutilante da Verdade e da Consciência, estas feridas tornadas medonhas, começam a sarar e a cicatrizar até serem apenas lembranças amorfas e longínquas.

Se toda a vida sentiu CULPA por tudo o que lhe acontece e aos outros,pergunte-se:
- Antes de assumir esta culpa, a vida dessas pessoas era diferente para melhor? Viviam felizes?    Amavam verdadeiramente e eram amadas?

Vai perceber que as respostas vão dar a um redundante NÃO!
...mas como todas as famílias e grupos sociais precisam sempre de um "bode expiatório" e de um "contentor de lixo", o melhor que há e que está mesmo ali "à mão de semear" é UMA CRIANÇA, que nos primeiros anos de vida NUNCA QUESTIONA crenças, as verdades dos factos, ou as acusações,sentindo-se imediata e repetidamente CULPADA E ATERRORIZADA pelo eminente castigo...

Todo este enredo tem com "carro chefe" e líder o MEDO,que é o OBSTÁCULO MAIOR e muitas vezes obscuro e confuso pois agrega (como um cacho de uvas) vários medos antepassados dos nossos ancestrais.

MEDOS de não ser amado e aceite, de não ser reconhecido, de errar e falhar, de não ser capaz,de ser banido e rejeitado, de ser castigado...porque nos foi passada essa mensagem e NÃO PORQUE SEJA VERDADE.

O paradoxo é que são estes medos e culpas (oh sim, os medos também têm uma função construtiva) que nos vão DESPERTAR para as VERDADES sobre NÓS MESMOS:

>  Se tem medo de NÃO SER AMADO e querido,esta é a indicação clara para se AMAR A SI MESMO,com todas as limitações e glórias com que se apresenta ao mundo.

> Se tem medo de NÃO SER ACEITE ou reconhecido, é para se aceitar e reconhecer como SER único, e depois alterar e transformar o que sente que já não lhe serve.

> Se tem medo de ERRAR e de NÃO SER CAPAZ, é para o estimular e incentivar a fazer as experiências e tentativas necessárias até "acertar" no seu OBJECTIVO.

Se é verdade que nos deixàmos aprisionar pelo medo, também é VERDADE que é o medo que nos OBRIGA a PARAR e a VOLTARMOS-NOS para dentro de nós e a questionarmos:

>  E antes de eu ser pessoa e de estar aqui, eu tinha medos e culpas?
>  De quem são estes medos e culpas que já cá estavam na família e neste grupo, antes de mim?

E por fim, AGRADEÇA aos medos a porta que eles lhe abriram para o seu SELF, para dentro do SI MESMO.



" Ninguém pode ver a Luz, sem antes passar pela sua própria escuridão"
Carl Jung




quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O nosso Tempo

O nosso tempo

Quando trabalhamos sozinhos ou quando temos a nossa empresa, às vezes não sabemos parar. Às vezes o contrário também acontece, e já vos falei da questão da disciplina, que acho o pilar fundamental para quem se quer lançar nesta vida de empresário.  No entanto, também não podemos cair no extremo oposto...

Temos de aprender a ouvir o nosso “corpo”, o nosso “coração”, a nossa “alma”, o que vocês preferirem. Sei que por vezes pode parecer difícil encontrar um equilíbrio, mas quando não tiramos o tempo para nós, a vida encarrega-se de nos “dar” esse tempo. 



A semana passada, tive essa experiência. Tenho aprendido nos últimos anos a “ouvir-me” mais e acredito que muitas vezes as doenças ou sintomas que temos, físicos, são produto de uma somatização psicológica. (Há um livro fantástico sobre isso, ver referências no final).

Tudo começou, porque tinha de fazer uns telefonemas que não queria fazer, sabem aquelas coisas que custam imenso, que não vos apetece nada fazer? Nem imaginam a luta interna que foi! Eu não queria mesmo, arranjava desculpas, organizava o dia (inconscientemente) sem me sobrar tempo para fazer aquilo que eu não queria, experimentei as técnicas que conheço e que uso todos os dias... mas acabava por boicotar de uma forma ou outra. Depois, como estava a ficar super atrasada com o meu trabalho e não podia empurrar mais aquela tarefa... decidi que não passava daquela semana!


Então “misteriosamente” comecei a ficar “febril”, a sentir-me com gripe... mas não fiquei em casa! Continuei e disse que ia para o escritório todos os dias: “porque sou disciplinada e não vou dar importância à doença”.  Cada vez me apetecia ficar em casa, mas para mim (e isto é uma crença que eu tenho) não é “socialmente” aceitável ficar em casa mesmo que seja a trabalhar, porque eu acho que “quem trabalha a sério, vai todos os dias para o escritório e os preguiçosos ficam em casa”, um preconceito claro, mas é mesmo isto que eu acho... ou achava.


Até que fiquei mesmo doente, fui para casa e dormi a tarde toda! Ah! Finalmente! Posso fazer o que eu tanto queria há tanto tempo! Ora vejamos as vantagens: Posso dormir o que eu quero (tenho a desculpa da gripe),  posso trabalhar só se me apetecer (porque estou com gripe), as pessoas dão ainda mais valor se eu trabalhar (“até doente ela trabalha!”), fiz os telefonemas com uma voz de desgraçada e do outro lado todos tiverem “peninha” de mim porque estava “tão atacada”,  não tenho que cozinhar, limpar ou ir às compras (porque estou doente!), tenho mais mimos e mais atenção (e é tão bom!), estou sozinha durante o dia e por isso estou mais concentrada do que por vezes no escritório... só vantagens! Ah! Tão bom!


Posso vos dizer que curti os meus dias de doente! Claro que 3 dias depois estava fartinha de estar em casa e já estava melhor. O que eu precisava era de uns dias para mim, de trabalhar ao meu ritmo. O que vos posso dizer é que voltei ao trabalho revigorada, porque consegui descansar bastante, tive ideia novas para a minha empresa, fiz tarefas que precisava de concentração e que já há dias que tentava acabar,  dei valor ao facto de ter saúde e poder sair todos os dias e ir para o escritório, e consegui finalmente fazer os tais telefonemas! Ufa!

A partir daí, as coisas fluíram. Surgiram soluções que eu não esperava para o meu negócio e as coisas parecem que ganharam de novo fôlego.

Já viram a energia que gastei, só para ficar em casa? Para estar sozinha, ou descansar um pouco...  Não teria sido mais fácil ter admitido que precisava de um ou dois dias para mim, estaria disponível na mesma para a minha equipa, podia ter ficado em casa, ou ir até uma esplanada com o meu portátil. Teria recuperado energia na mesma, teria feito tudo e provavelmente muito mais do que fiz.


Se há uma manhã que estão mesmo em baixo, ou que estão extremamente desmotivados, dêem-se um “mimo”, levem o portátil até uma esplanada e trabalhem fora do escritório ou de casa. Tirem um fim-de-semana para desanuviar e ter novas ideias.  Façam uma massagem. Parem. Centrem-se. Recarreguem baterias. Depois sim, voltem ao vosso dia-a-dia. Acreditem que vos pode poupar muito tempo e energia. Vão voltar renovados! Porque mais cedo ou mais tarde, se nós não paramos, o nosso corpo vai nos ensinar a parar.


Aprendi mais sobre mim, aprendi que tenho de mudar a minha crença sobre as pessoas produtivas/preguiçosas, que tenho de me importar muito menos com o que os outros pensam, ou o que vão pensar de mim, aprendi que tenho de ouvir o meu corpo, respeitar o meu tempo, sem deixar de ser disciplinada, renovar a minha motivação com pequenas coisas que faço para mim. Complicado hã?! Nem por isso, experimentem! Porque quanto mais treinarem mais fácil se tornará.

Até para a semana e bons negócios!



Referencias (experimentei e recomendo):

Livro “O teu corpo diz ama-te”, Lise Bourbeau
Fins-de-semana: www.goodmorning.pt
Massagem: www.espacoessencias.pt